quarta-feira, 21 de novembro de 2007

esperar, pensar e jejuar

"Cada um dá o que tem. O guerreiro dá a sua força, o mercador dá os seus artigos, o mestre a sua sabedoria, o camponês o arroz, o pescador os peixes.-Muito bem. E tu o que tens para dar? O que aprendeste, o que sabes fazer?

- Sei pensar. Sei esperar. Sei jejuar.
- Isso é tudo?
-Penso que é tudo!
-E para que serve isso? O jejuar, por exemplo, para que serve?

-É muito útil, senhor. Quando um homem nada tem para comer, jejuar é a coisa mais inteligente a fazer. Se por exemplo, Siddhartha não tivesse aprendido a jejuar, teria hoje de aceitar qualquer serviço, em tua casa ou noutro lugar, porque a fome a isso o obrigaria. Mas assim Siddhartha pode esperar, não conhece a impaciência, não passa dificuldades, pode enfrentar a fome durante muito tempo e rir-se dela. Por isso, senhor, o jejuar é útil."


"Siddhartha um poema indiano", Hermann Hesse

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