quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Arcturus

Naquela noite
O amor
Eram as velas
E suas valsas ao sopro da brisa

Naquela noite
O amor
Eram os pés
Que se tocavam sem intenção

Naquela noite
O amor
Eram as mãos
Que se embalavam ao toque do vinho

A luz
As mãos
O verde
A valsa
O veludo
O vinho
O branco
As fragrâncias
E lá fora, Arcturus
Eram o amor
Naquela noite

Sol poente

Eu queria ser o pôr-do-sol
Encher o céu de cores
Todo o espaço meu, por colorir
E sempre ser nova composição
Sem qualquer impedimento
Ou restrição
Brincar às silhuetas
Com as árvores e os moinhos
Contigo, meu amor
Brilhar por entre ramos
Nos regatos
Inundar os rios
E os oceanos

Neste momento passa no horizonte
Uma águia
Foi o sol que mo mostrou
Deixei-me enfeitiçar
E planei com ela
E com todas as aves do mundo
Voei contigo
E mais não te sei dizer

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Coisas que não rimam…e outras

Em Agosto
O plástico não rima com a praia
Como o sol não rima com duas inglesas
Que o absorvem sofregamente
Por outro lado, no pico do calor
Minh’alma encontra-se com as manadas
Cujos sons percorrem as longínquas planícies.

À tardinha, em bandos
Os pássaros, pardais ou andorinhas
Rimam entre a copa de uma laranjeira
E o céu azul.

À noite dou por mim rendido aos grilos
Até que por fim
Me deixo ir
Perdido,
Em sonhos,
Que nem sempre rimam comigo

A chaminé

Alta e imponente
Não estás mais próxima do céu
Nem por isso és branca
É o pouco que sei sobre ti
Não porque mo tenha dito uma andorinha
Talvez até tenha sonhado tudo isto
Todavia as andorinhas são reais
E também tu és real
E apontas ao céu

Ao sul
Rumarão as andorinhas
Quando a estação acabar
Nós viemos agora
À cíclica peregrinação
Como um outro ciclo do sol
Esse, o sol, no céu
O sul na terra
E o azul que parece que compõe todas estas coisas que nos fazem felizes