quarta-feira, 3 de março de 2010

A queda de uma folha

Antes de morrer
As folhas
Curvam seus veios
Tornam-se aladas
Firmam formas flácidas
Fazem-se leves
E soltam-se pelo leme

Ao cair
Rodopiam
Piruetam
Dançam
Descem
Planam
Invertem movimentos
Sobem
E rodopiando
Voltam a cair…
Suaves.

Docemente
As folhas
Tocam a terra
E não morrem

Ninguém chora
Ninguém ri
Não há aplausos
Circos, acrobatas
Festas, fogo
Fado, foguetes, flores
Não é Carnaval
Não há presentes
Andarilhos
Promessas, pragas
Não se faz Poente

As folhas simplesmente
Caem, não morrendo
E tocam a terra, docemente

1 comentário:

Anónimo disse...

Um belo poema este, amigo Carlos. É o espectáculo da natureza, sem aplausos, sem festas nem foguetes. um abraço.