domingo, 7 de março de 2010
Sintra
A serra de Sintra, desenhada em Alcabideche e pintada em casa, no meu caderno.
Gosto particularmente do céu, que pela primeira vez me deixou satisfeito.
É difícil representar o céu, ou foi-o, até hoje. Veremos o próximo.
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quarta-feira, 3 de março de 2010
Sou livre
Salto
Carpa
Solto
Sei a tua pele
Pulo
Melro
Livre
Levo o teu odor
Voo
Águia
Alto
Tenho o teu sorriso
Fecho as pálpebras.
Os meus dedos sabem
E seguem teu contorno.
Sou teu lábio, carne
Sou teu terno corpo.
Será liberdade levantar os pés da terra?
Então
Sou livre!
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O céu, das casas
As casas caem
Depois dos homens
Amontoam-se as memórias
No aterro contam-se histórias
A quem as saiba ouvir
As fisgas, os amores, as vitórias
Saudade nas pedras
Choros e sussurros.
Triste fim
De uma vida nada vã.
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6º Sentido
O homem tocou a terra
Agarrou-a com suas mãos e
Desfê-la entre os dedos
Foi ínfimo grão
Torrão,
Terno
Tenaz
Testemunhou o Sol
Com o respeito que se há-de dar
Aquela que um dia será mãe
A taipa, ergue-se estátua
Urgente, fecunda
Ao homem
E desperta um novo sentido
Sentir que ainda não é o céu
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A queda de uma folha
Antes de morrer
As folhas
Curvam seus veios
Tornam-se aladas
Firmam formas flácidas
Fazem-se leves
E soltam-se pelo leme
Ao cair
Rodopiam
Piruetam
Dançam
Descem
Planam
Invertem movimentos
Sobem
E rodopiando
Voltam a cair…
Suaves.
Docemente
As folhas
Tocam a terra
E não morrem
Ninguém chora
Ninguém ri
Não há aplausos
Circos, acrobatas
Festas, fogo
Fado, foguetes, flores
Não é Carnaval
Não há presentes
Andarilhos
Promessas, pragas
Não se faz Poente
As folhas simplesmente
Caem, não morrendo
E tocam a terra, docemente
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Vem
Sinto
Silvar acidulado
Se não vens
Percorrem-me as serpentes
Sábias
Em seu ferir
Por isso sei que vivo
Para te ver chegar
E brotam
De mim tardios
Pensamentos sobre ser feliz
Uma cor então
Me chega e basta
Para colorir o mundo
Assim como o vento junta as folhas
O tempo
Nós
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“Façam o favor de ser felizes”
Em castanho acobreado
No Outono
Cai a folha
Vem a chuva em passos largos
A secura finada
A aspereza dos galhos
Floração arrependida
Os detritos da batalha
Que trava a morte com a vida
Na valeta de granito
Não me desviam o pensar
Daquela voz sorridente
Que com saudade me diz
Por favor, sê feliz
E na penumbra latente
Do Inverno
Nada é gente
Tudo é sombra
A alegria na montra
E o meu olhar descrente
Não a mira, não a compra
Alegria é pedra dura
Alta estátua, colossal
Do tamanho de dois mundos
Desde aqui ao infinito
Maior que a força do grito
Penso, sobrenatural
Por isso a dispenso
E por isso a deifico
E é nesse estado de pensar
De que nunca me refiz
Com o peito a fraquejar
Que as pálpebras se tocam
E…
(Ai como se fecham os olhos)
De angústia, de sofrimento
Do mais intimo lamento
Por coisa que nunca fiz
E num mágico momento
Um sussurro do vento
E aquela força que me diz
Por favor, sê feliz.
Mas cai a noite
Cai o mundo sobre mim
Não durmo
Alterno o lado, taciturno
Entre o princípio
E o fim
Ajoelho-me, prostrado
Com uma força ínfima
A pouca que me resta
E abro os braços
Olho os céus
Clamo piedade
Choro lágrimas
De mim
Não acredito…
É aí mesmo
Um pouco antes do fim
Que meu coração perdido
Sente o cintilar distante
E ressuscito
Em primaveras
Aves canoras, gerberas
Incensos e licores
Frutos de mil sabores
Dou graças à densa noite
Que deu luz àquela estrela
De voz (ternura) tão bela
Que olha para mim e diz
Por favor, sê feliz
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Bem-vindo à vida
Da laranja
Espremida
Apenas saíram homens
Em número de 24.
Olhei
Uma última vez
O seu sorriso
Que dizia
Bem-vindo à vida
Peguei nela e
Antes de cuspir
Atirei-a
Às trombas do mundo.
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A insalubridade dos narcisos
Os sexos tombados
à ingratidão
dos homens
Os sabres desembainhados
vergando-se à forja
da insensatez
Os sábios,
sabiamente calados
à incompreensão
Era a tinta seca,
a cal em pedra,
o sangue escorrido
O minério
que decididamente
se agarrava à terra
A espécie que fenecia
E tu…
Ao espelho
Um pente
Sorridente
Um dente d’oiro
Ensaiando poses
Não foges de ti
Eu curvo-me
E vomito
O pouco que resta de mim
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O homem agitado
O homem agitado
Na torre da igreja
Clamava por Deus
Não vinha ninguém
Era o Outono nos olhos do mundo
As ruas caladas
A paz aparente, das palavras
Era a ânsia do desassossego
O silêncio dos sonhos
Das estátuas de carne, vivas
Era o grito surdo
Que o calor denso
Teimosamente abafava
O homem agitado
Na torre da igreja
Não vinha ninguém
Clamando por Deus
Ou seria eu?
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Sentidos
Sentidos
Os pinheiros abrigam a paz
Das rolas em teu peito
Toco-te
E brindo à eternidade
Com odores de Verbena
Como se fosses tu.
Na boca fica-me o mar sonhado
De não te ter aqui
E assim vou morrendo
De tanto viver.
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Beijo madrugada
Há um feitiço de lua cheia
Nos teus olhos
E a noite escura sonhada
Em teus cabelos
Mas é nos teus lábios,
Que me querem
Que me perco
E o rio de águas mansas
Corre
Em teu corpo.
Na volúpia dos seixos rolados
Agitam-se freneticamente
Os carvalhos
E (súbito estrondo)
A trovoada
A chuva
Os dedos entrelaçados
E o encontro.
Abraço-me a ti
E sonho a madrugada.
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Miragem
Caneta e aguarelas
Papel, muito papel
Passado, pouco
E parti
Sem esperança de outro sol
Mas fui
Por aí.
Quente
Aqui está quente
Tão quente que
Secam minhas lágrimas antes de chegar ao espelho
Tão quente que
Á minha frente treme o destino
Tão quente que
O teu sorriso é agora, apenas uma miragem
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Cais
Sem rumo
O mar da emoção
Contida
A força das ondas
Revoltas
Cais
O céu sem Estrela polar
A neblina opaca
A bússola sem Sul
Nem Norte
À sorte
Cais
Evitas a morte
Mas não vais
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Credo?
Na verdade
As Coisas sempre existiram
O homem viu o Fogo
E reproduziu-o
O Bronze?
Estranho e Pobre
Seria admitir ao homem a sua criação.
Os Quiriri
Os Pataxó
Sentiam-se sós?
E se tudo isto foi
E se tanto tempo passou
Porque crês ainda
Na inocência do homem?
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Cinzas
Se te esquecesses
Dos tempos futuros
Em que tudo é nada…
Saberias tudo
Entretanto
O teu cinzeiro
Fala-me de ti
Apresenta-me a tua insanidade,
Néscio sabedor.
Encontro as palavras
Que não escreves
Os versos que não gritas
Os verdadeiros poemas
Que nunca lerei
E fumo, também
Um cigarro e outro
Se descrevesses
O meu passado
Em que sabia tudo…
Saberias nada
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Existência
Entre a depressão
E a realidade
O sonho
Entre a perda
E a conquista
A vã existência
Entre as portas fechadas
E o mar aberto
A insegurança
Entre o que queria ter sido
E aquilo que sou
O peito ferido
Lembro-me do sangue da minha mãe
Com que ainda convivo
Parto por este mundo
Ainda mal parido
E cairei, um dia
Sem a certeza
De algum dia ter nascido
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Amar
Amar
Amar, as coisas
A vida, amar
As mulheres
Amar os homens
Amar,
As crianças
Amar, simplesmente
Amar
Mas não ser de ninguém
Amar intensamente,
Descaradamente,
Indecentemente.
Amar incoersívelmente.
Amar a todos e a toda gente.
De uma forma suave, docemente,
De uma forma clara e lealmente,
Amar todos, tudo,
Até o que não é gente,
Amar o mar, o ar e o sol poente
Amar, simplesmente
Amar
Mas não ser de ninguém.
Conchinha e Analyra ( http://tropecosliterarios.blogspot.com )
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1 de Setembro de 2009
Mãe
Não te tenho escrito,
Bem sei.
Justifico a ausência
Não estou bem
Lê nesta carta uma urgência
Mãe.
Definitivamente
Não sou da cidade
Passo uma tarde entre o Chiado e o Rossio
E tenho tudo o que quero
A natureza entra morta pelas portas dos fundos
Dos talhos
E em pacotes de leite UHT
Aqui não há mar
Não há amar
Quero gritar, mãe
Ah, como quero gritar
Que o meu sonho morreu
Assim que cheguei à cidade
(Até as estrelas morrem se a avistam)
Os homens mijam à sua volta
Como feras
E vão nos carros a tomar comprimidos
(Dizem que é para não sofrer)
A cidade não abriga o poeta
Não me sacio na cidade
Mãe, dá-me colo
Mãe, dá-me um abraço, dos teus
E devolve-me
A brisa
O sal
O sol
O sul
O brilho
As silhuetas
As serras
As planícies
Os golfinhos
As flores
As mulheres
Os homens
As crianças
As aves
O beijo
O eu,
Este filho que te adora.
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Verdade
Ao fundo
Um pescador destemido
Espraiando as suas tristezas
Fala-me da ilusão do homem
De como se sonha forte…
A natureza
Bem mais perto
É o ribombar das ondas
Na pedra escura e dura.
Imponente
O mar
Diz-me a verdade de mim.
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