sábado, 6 de dezembro de 2008

Ave*

Ontem um pássaro sorriu-me,
Cantando.
Camuflado em seu canto
Ou talvez pelo meu pranto
Não desvendei a sua espécie,
Quem o mandou
Ou mesmo a mensagem que trazia.
Inicialmente apenas retive
Que sorria.
Podia ser chuva, sol ou ventania
Tristeza ou alegria
Ou simplesmente o anuncio de outro dia.
Certo é que sorria
Para meu espanto.

Hoje, tranquilo,
Seguindo o meu trilho invisível
(Mas bem delineado)
Ainda sem o ver
Aceno-lhe sorrindo
Reconhecido
Porque houve chuva, sol e ventania
E tristeza e alegria
E esperança de novo dia.
Será mesmo um pássaro, ou pura alegoria?
(É que eu adoro pássaros,
Por isso me atrevo a imaginar)

-Onde é que eu ía?
-Ah! Já sei! Amanhã…
Não sei!
Ainda não o vi
Nem ele o saberia,
Hoje.
Mas que importa, se é só amanhã?

*Segundo São Lucas, o Anjo Gabriel cumprimentou Maria com a saudação “χαιρε [chaire]”, mais tarde traduzido do grego para o latim como Ave (Maria). Na verdade chaire significa Alegra-te.
“E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo”. Lucas 1:10

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