segunda-feira, 25 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Aisthésis
Revolta-me a beleza da chaminé
Enegrecidas fachadas
Mendigos na cidade
Em rodapé
Digamos que há uma certa
E triste beleza
Na miséria
A ramela de uma criança
O rigor de uma ruga
A raiz da árvore que jaz
O branco é estagnação
Insuportavelmente
Não é sim, não é não
Talvez por isso as nuvens
As portas das casas
As janelas
Talvez por isso
A dor que sinto no meu peito
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Carlos
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13.5.09
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domingo, 10 de maio de 2009
Quando a chuva cai
Quando a chuva cai
Não ouso escrever de mim
Preciso fosse
Tudo fiz
Cantei e esqueci
Talvez não tenha chorado
O que cedo aprendi
E, lamentavelmente, não esqueço
Cruzas as pernas
Abraças um sorriso vão
Em teu colo um livro, que invejo
E pegas no relógio
P’ra que o tempo passe
Quando a chuva cai
Desta vez
Vai um pouco de mim
Desce a rua
Encontra vinho
Faróis e lua
Putas, escarros
Busca na miséria
Um regaço
Eu só queria um abraço
Hoje
Quando a chuva cai
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Carlos
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10.5.09
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quarta-feira, 6 de maio de 2009
Aguarelas de 2006 - reencontro
É com muita alegria que revejo algo que criei e que acabou por desenvolver vida própria, numa "família de acolhimento".
Noto também como o trabalho de emolduramento pode tornar-se obra.
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Carlos
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6.5.09
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terça-feira, 5 de maio de 2009
Plutão, 3, 5, 7, 8 e 22
Plutão, o planeta anão
Não é planeta, não
Assim quiseram os homens
Que dão nomes às coisas do mundo
E o mundo está-se nas tintas
E muita tinta se consome
Em vão
Se não achas ridículo escuta:
Aurora era quase virgem
E agora?
8 planetas e um quase…um planeta-menor
Pois fica sabendo que também eu
Neste caso, anónimo
Posso criar e nomear
(o que não faz de mim um deus)
Olha o 8,
Retira-lhe o número 3
E tens uma gaivota
Então uma gaivota é 5
Então um bando de cincos percorre o horizonte
Sem saber que apreciam a liberdade
Novamente o 8
E com dois 7
Um em cada ponta
Tens um belo par de óculos
8+7+7=22
Então óculos é 22 e 7 é uma haste
Então, ponho os meus vinte e dois e aprecio o voo de cincos
Sabendo que apreciam a liberdade
(Já para não dizer que um dois é praticamente um cisne)
E que ganhei eu?
E tu?
Aurora, essa
Masturba-se
Insistentemente
Diante do espelho
Como se o mundo fosse acabar.
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Carlos
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5.5.09
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Hoje, 27 de Abril
Meu caro amigo
Dois dias passados e tudo secou!
Manda-me outras flores
Se puderes
Aproveito e digo
(Política à parte)
Que não sinto poesia
Nos nossos festejos
Homens houve,
De cravo na lapela
Mas poucos, meu amigo.
Por outras palavras dir-te-ia
De tempos que as enfraqueceram
Mas não entenderias
Manda-me outras flores
Amigo, se puderes
Em Santarém, rapaz
Recrearam a partida
Na Escola Prática
(Praticamente ruída).
Que queres que te diga?
Aqui há pão e paz
E quem encha a barriga.
Aquietaram-se os vocábulos
Em águas que saciam
Homens e mulheres
Manda-me outras flores
Rapaz, se puderes
A corja já nem espreita
E para nós, a quimera
É comida e cama feita
Não queremos mais.
Ainda roda a terra
Não se vai à guerra
E o resto, é demais.
É com desassossego, meu irmão
Que te mando este abraço.
E demando outras flores
Não importa cheiro ou cor
Despedidas, Violetas, Malmequeres
Manda-as se puderes
Outros cravos, porque não?
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Carlos
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5.5.09
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Requiem para um grilo
Recordo o menino
As caixas de fósforos
Enterros de lágrimas
Assim foi com Rui
O peixinho
(um Beta-macho, lutador)
Crispim, o canário
Que foi a enterrar
Em dia de chuva
Desde pequenino
Respeitou a morte,
O menino
Despede-se hoje
Dum grilo negro (como a culpa)
Que trazia na lapela.
Que o sono lhe seja leve
Que o enleve o destino
(ao menino).
O grilo foi em paz
Que o embala o menino
Agora rapaz
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Carlos
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5.5.09
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O frio, o céu e as galinhas
Parte I
Saber se vivo ou sobrevivo…
Ousado, o Hibisco
Insiste em abrir.
Absorve raios de sol
Que eu não encontro
Capacidade intrínseca, a sua
Que eu não partilho
Assim me arrepio
E tapo
Como o céu.
O céu amortece-me do abismo da realidade
Mas não este céu
Parte II
O horizonte desenha-se, azul
No branco puro das nuvens
Que o sol, envergonhado, rasga
Faltam-me as palavras
Que não busco com a mente
Imersa no céu, suspensa
Pardais mendigam migalhas mantendo distância
E repito
Parte III
Uma galinha, em voo rasante
Atravessa o bar do hotel
É a Páscoa, penso
É a galinha, dizem
Apanhei-a, qual herói
(Sempre soube apanhar uma galinha)
Mas isso não sabem eles.
É um saber que
Cedo ou tarde
O destino me levaria a valorizar.
(Amanhã chegam os patos e os coelhos).
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Carlos
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5.5.09
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Poema amor (com Aloé Vera)
Eu quero festejar o mundo
Despertar os mais finos sentidos
Lavar com palavra lugares não percorridos
Celebrar, nos cérebros o mais profundo
Por isso, meus amigos
Vos escrevo este poema (com Aloé Vera)
Porque o salmão sobe os rios
Lutando a vida pela vida
Porque a andorinha viajou
Por amor
As papoilas despontam entre o trigo
Somente, sem orgulhos
Porque o sangue brilha com o ouro
Mas das papoilas
Podeis fazer bailarinas
Entendem o que vos digo?
Nos charcos ecoam rãs
E as malvas não requerem muita água
Minhocas oxigenam a terra
E a passarada que entoa nas manhãs
Com elas se alimenta, sem mágoas
É o curso da natureza
É o mundo a rodar
O dia atrás da noite
Simplesmente, amor
O amor neste poema enriquecido
Formulado em tons de primavera
E segredos do universo
Que quer ser lido em cada verso
Festejado e não esquecido
Por isso, meus amigos, o Aloé Vera
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Carlos
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