Ouro,
Desejo morno,
Quente,
Era o teu corpo.
Por entre meus dedos.
Livre,
Cego,
Mudo,
Soltei os teus cabelos,
Um por um.
Tão perto de ti,
Apenas via o infinito.
Podíamos ter sonhado Picasso,
Um poema de Neruda,
Mas estavamos entre pensamentos,
A pousar no momento
E, docemente, voaste para mim.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Contemplação
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Carlos
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21.8.08
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Etiquetas: Poesia
Fim
Era o Outono.
As folhas caíam.
O céu antecipava saudades
Dos que em breve rumariam ao Sul,
Mas ainda não chorava.
O nó na garganta…
Estava escuro.
Já não importa se era quase dia ou quase noite.
Apenas escuro.
As despedidas, purpureas
Não se destacavam,
Nem o padre viria de uma só cor.
Estava escuro, o Outono.
Se ao menos chovesse
Poderia sentir a terra,
Limpa, cheirosa…
Tremiam-lhe as pernas,
Tentou resistir, unindo os joelhos.
Amen, naquele dia soara-lhe a eternidade,
Uma vibração cósmica unificadora do universo…
Cinco minutos bastariam para rever toda uma vida…
Mas já não os tinha.
Pequenas pedras ecoam agora no pinho
E os sinos, incansáveis, anunciam o silêncio.
Publicada por
Carlos
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21.8.08
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P-R-O-G-R-E-S-S-O
Nanotecnologia
Metamateriais,
Fotolitografia
Iogurtes bio
E outros bio que tais
(alguns já disponiveis com cereais)
Incrementa-se a produção
Em turnos rotativos, com máquinas rotativas,
O homem rotativo estuda o stress, o eustress, e o distress
E apelida-se de progresso.
Viaja na auto-estrada
P’ra fugir à nacional
Onde nem se vai nada mal,
Mas não se paga.
O seu carro é triunfal
(o dinheiro é emprestado)
XTDi, dois mil e tal
E aí vai para a cidade
Em valente galopada.
Faro-Lisboa em hora e tal,
Não esteja a loja fechada
P’ra comprar pão do Cercal.
Aproveita a internet
E manda levar a casa
Que fica na mesma praça
No número setenta e sete
(vista de mar, é claro).
Deita lágrimas nos olhos
Vê se tem e-mail.
E antes de adormecer,
Recorda-se
E encomenda um spray de água do mar,
Sem sair da cama.
Infelizmente dorme mal
E montado nas suas chinelas de camurça,
Vai buscar um comprimido,
Que toma com água,
Natural.
Publicada por
Carlos
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21.8.08
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quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Menina guru
Menina guru
Às vezes busco harmonia
E com meus olhos de criança
Penso um poema de Sophia
Onde a minha vista alcança
As ondas, areia, Orfeu e lira
Faço-as de céu, de trigo e de cante
A brisa salgada da manhã
Inspiro pensando em ti
Menina, amante e guru
Entrelaçando-me os dedos
Com teus dedos, de ternura
Que adivinham meus segredos
Segredando - estás seguro
E entrego-te os meus medos
Publicada por
Carlos
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20.8.08
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