Na sala cinzenta oiço a Garota de Ipanema.
Sinto-me aconchegado,
Estranhamente confortado entre paredes de betão,
Que normalmente rejeito.
Duvido…
A luz, tímida, permite-me apreciar as paredes.
Alguns quadros, poucos.
Prefiro o negro, em papel manteiga,
Mas agora já não estranho.
Preparo-me para a entrega…
Como se em uma hora pudesse sarar todos os meus males,
Pudesse curar todos os meus pecados,
Como numa simples confissão.
Mas não tenho essa fé,
Aliás nenhuma fé,
Acredito apenas que morrerei.
Não tardarão a chamar-me.
Que pena a vida não ser Bossanova.
Anseio essa suavidade,
Alegre, melódica e sofisticada.
Lamento o Samba, o Fado e o Tango
Da minha vida, é claro,
Penso ainda.
Chamam por mim,
Levanto-me vigorosamente,
Despeço-me de Jobim e avanço.
Penso ainda, uma última vez
No equilíbrio da música
(que não tenho).
Na própria garota,
Na sua pele morena,
No seu riso inocente…
Consciente, avanço.
O chão percorre-me a planta dos pés.
Entro, sento-me e confesso.
sábado, 6 de dezembro de 2008
Na sala de espera
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