segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Cartucheiras de ódio

Chora mãe, teus filhos
Que sem escolher religião
Comungaram maldição
Se perderam em caminhos.
Não esperes do céu sorrisos
Antes balas de canhão
Que sem esperarem razão
Nem mandarem avisos
Não os levam sozinhos.

Chora pai, teus irmãos
Que brincaram contigo
E na guerra sem razão
Fazem agora abrigos
Onde outrora se esconderam.
Ali, na rua do lado,
Morre agora um amigo
De outra religião.
Não merecia o castigo.

Chora avô, a mocidade
Que se entrega à tortura
Fazendo a vida escura
Escurecendo a cidade.
Será amor ou loucura
Que em eterna jura
Os leva à morte mais pura
Na sua mais pura idade
E o ódio, perdura.

Sangue, corpos destroçados
Retratos de infância rasgados
E ódio, nas cartucheiras.

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