Em castanho acobreado
No Outono
Cai a folha
Vem a chuva em passos largos
A secura finada
A aspereza dos galhos
Floração arrependida
Os detritos da batalha
Que trava a morte com a vida
Na valeta de granito
Não me desviam o pensar
Daquela voz sorridente
Que com saudade me diz
Por favor, sê feliz
E na penumbra latente
Do Inverno
Nada é gente
Tudo é sombra
A alegria na montra
E o meu olhar descrente
Não a mira, não a compra
Alegria é pedra dura
Alta estátua, colossal
Do tamanho de dois mundos
Desde aqui ao infinito
Maior que a força do grito
Penso, sobrenatural
Por isso a dispenso
E por isso a deifico
E é nesse estado de pensar
De que nunca me refiz
Com o peito a fraquejar
Que as pálpebras se tocam
E…
(Ai como se fecham os olhos)
De angústia, de sofrimento
Do mais intimo lamento
Por coisa que nunca fiz
E num mágico momento
Um sussurro do vento
E aquela força que me diz
Por favor, sê feliz.
Mas cai a noite
Cai o mundo sobre mim
Não durmo
Alterno o lado, taciturno
Entre o princípio
E o fim
Ajoelho-me, prostrado
Com uma força ínfima
A pouca que me resta
E abro os braços
Olho os céus
Clamo piedade
Choro lágrimas
De mim
Não acredito…
É aí mesmo
Um pouco antes do fim
Que meu coração perdido
Sente o cintilar distante
E ressuscito
Em primaveras
Aves canoras, gerberas
Incensos e licores
Frutos de mil sabores
Dou graças à densa noite
Que deu luz àquela estrela
De voz (ternura) tão bela
Que olha para mim e diz
Por favor, sê feliz
quarta-feira, 3 de março de 2010
“Façam o favor de ser felizes”
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